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Por dentro de uma ocupação chavista em Caracas, na Venezuela

Internacional 01/03/2020/ 00:00:47
Por dentro de uma ocupação chavista em Caracas, na Venezuela

O antigo escritório da companhia aérea Viasa, nos arredores do centro de Caracas, é uma ocupação há 15 anos desde que a empresa quebrou. O edifício Torres Viasa abriga 140 famílias sem-teto, que se declaram "chavistas" e lutam para sobreviver em meio à crise econômica que assola a Venezuela

Olhando pela janela, está o imponente Teatro Teresa Carreño, o maior do país, e também as torres do Parque Central, duas torres imponentes gêmeas que coroam o horizonte do oeste de Caracas. A localização é boa porque é próxima da estação de metrô e o movimento do entorno facilita a venda dos salgadinhos

Um dos moradores do icônico edifício é o aposentador Antonio Moreno. Com parkinson, ele treme sem parar, além disso padece de uma infecção respiratória. Ele parou seu tratamento por falta de acesso aos medicamentos que o país precisa importar e enfrenta dificuldades devido às sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos 

"Uma revolução não é assim tão rápida, eu não reclamo", diz Moreno. "Eu sou chavista, e bom, aí esta Chávez", continua apontando para uma das imagens do falecido líder socialista pendurado na parede, Hugo Chávez. "Até que o mar se seque, estarei com ele, porque este foi o único governo que ajudou as pessoas humildes", completa

A aposentada Laura Ramírez vive sozinha em um quarto de 80 metros quadrados com água e luz. Um luxo na Venezuela."Eu peço a Deus que me ajude a sair daqui porque já não dá", diz a Efe a mulher de 61 anos que trabalhou para o Estado e na economia informal

Em seguida, diz que se sente "tranquila" e "acostumada" depois de 13 anos vivendo na torre. As paredes da sua casa também estão cobertas com fotos de Hugo Chávez ou imagens que fazem referência ao "chavismo". "Eu não escondo nada, votei pelo chavismo e por tudo que é do Chávez", afirma

Caracas possui um déficit habitacional grande, o que obriga as famílias a viverem em situações provisórias. Por dentro da ocupação, o cheiro de fritura domina o ambiente na fabricação do salgadinho venezuelano favorito, conhecidos como platanitos, tostones ou banana frita

Além de ser algo fácil e barato de preparar, as famílias tiram dos tostones seu sustento. Várias pessoas se envolvem na produção do salgadinho. É muito comum as famílias se organizarem e colaborarem para providenciar itens de primeira necessidade

Todos os dias são fritos nas caldeiras de óleo quente centenas de bananas verdes que são empacotadas em seguida a mão por outros moradores da ocupação

Se somados os ingressos com a venda dos "tostones" de cada pequeno produtor, o negócio gera alguns milhares de dólares por dia

Os pacotinhos com a banana frita são vendidos por menos de 10 centavos de dólar em todas as esquinas da capital venezuelana: em parques, em hospitais, em quiosques, no metrô



Fonte: r7.com

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